Os livros de História, vão ter que escrever um capítulo mais detalhado para explicar a 32ª versão dos Jogos Olímpicos, que foi ímpar sob todos os aspectos. Ele acontece de 4 em 4 anos, mas dessa vez o que era para ser Tokio 2020, aconteceu em 2021 por causa da pandemia.
Temos participantes do mundo todo, mas dessa vez foram 204 países + Time Olímpico de Refugiados (uma chance para 29 atletas de 11 países diferentes que tiveram a chance de competir mesmo não podendo representar seu local de nascença, por questões políticas ou humanitárias) + Comitê Russo (porque a Rússia falsificou dados de testes de doping e foi punido pelo COI), mas entendeu que atletas desse país não podem ser prejudicados por isso (?).
Foram 17 dias que a vibração pelos atletas foi sentida através de uma tela, pois não foi permitida plateia, com poucos membros da equipe técnica e até restrição de número de inscritos por equipe, tudo para minimizar a circulação e o efeito de contágio do COVID, que aliás padronizou o uniforme de todos incluindo um novo acessório – a máscara.
As cerimônias tiveram muitas mudanças. No desfile de abertura, uma dupla mista sempre representava o país entrante, dando o tom do quase equilíbrio de atletas mulheres (49%) participando, sem falar na inédita presença de uma atleta trans no levantamento de peso da Nova Zelândia e com 160 atletas assumindo-se do grupo LGBTQI+. Das 339 medalhas de ouro entregues, o protocolo de premiação foi sem aperto de mão, beijo, tão pouco abraço, antes onde os vencedores eram “coroados”, agora eles mesmo se coroam. E o buquê é composto de 4 elementos muito simbólicos: o mascote miraitowa (mirai=futuro/ towa=eternidade) e as 03 flores são de cidades mais atingidas por desastres, como o girassol vem de Miyagi que sofreu com terremotos, já as gentians, são de Iwate que foi atingidos pelas ondas gigantes, e a eustonas verdes, colhidas em Fukushima onde houve o acidente nuclear, provocado pelo tsunami.
Foram 67 recordes quebrados e havia uma expectativa de show de performance de uma nadadora Katie Ledeck, que perdeu o posto para Emma McKeon que levou 04 medalhas de ouro e 03 de bronze para a Austrália e Simone Biles que levou somente 02 medalhas, mas trouxe uma enorme contribuição ao assumir que estava abalada emocionalmente e se poupou de algumas provas, trazendo a discussão sob pressão e saúde mental. Mas temos incontáveis exemplos de superação de homens e mulheres sem apoio de patrocinadores, de origem simples, que sofreram descaso, discriminação, abuso, mas mostraram seu valor e se tornaram exemplo.
Tivemos o debut de 05 modalidades que encantaram os espectadores, mas duas se destacam – o skate e o surf – que imprimem um jeito de viver, o pertencimento de tribos do bem que torcem por todos como se fossem uma grande família e são símbolos do urbano, da natureza e da jovialização desse evento.
(Yahoo esportes-foto)
O lema Olímpico criado em 1894 composto por 3 palavras: Citius, Altius, Fortius / Mais rápido, mais alto, mais forte tem a adição de uma palavra o juntos.
Nada mais apropriado para os novos tempos, onde a inclusão, a diversidade, o pensar coletivo para com o planeta precisa ser incorporado por todos.
Foram aproximadamente 11.300 atletas, que treinaram durante 5 anos, alguns mais outros menos, viveram incertezas, mas mesmo com um período de incertezas, lidaram com dificuldades financeiras, tristeza, precariedade, falta de local de treino, mas nos proporcionaram durante 2 semanas, conforto, alívio, muita emoção, alegria, beleza, …sem falar nos mais de 60.000 staffs e voluntários que se desdobraram para cuidar dessa logística toda, sem falar nas equipes de imprensa, que mais restritas e que na grande maioria com fuso horário bem trocado, dobraram suas intervenções cobrindo as competições e disponíveis na hora local de seus países.
Enfim, torcendo aqui para que o Tokio 2020 seja a perspectiva de aprendizado, paz, oportunidades e Recomeço.
Que possamos começar verdadeiramente o segundo semestre inspirados.
(Loic Venance-AFP)
Arigatô a todos que fizeram Tokio 2020 acontecer.