Artigo publicado originalmente no site da consultoria Conceito Lazer.

Meu desafio hoje é comparar o mundo corporativo e o mundo esportivo em suas características específicas e peculiaridades e como podemos trabalhar com estes conceitos para melhorarmos a performance – objetivo almejado por ambos.

Iniciando pelo Esporte.

Temos, além da paixão nutrida tanto por quem participa direta quanto indiretamente, a percepção de que o esporte esta enraizado no cotidiano do ser humano. Seja iniciando de maneira mais amena nas atividades de lazer mais descompromissadas, como nas aulas de Educação Física, ou nas atividades extras que nos engajamos no dia a dia; além do convívio com certas modalidades que são um carimbo em muitas famílias, cidades, clubes, etc.

A intensidade é tanta que certas pessoas tornam-se profissionais (emprego), têm técnico (chefe), adversário (concorrente) e as federações (associações de classe).

Mas como definir este Esporte?

Entre as diversas definições, identifico o esporte como ação de jogo, por parte de um indivíduo que visa interação com algo, alguém ou consigo mesmo. Possibilitando prazer e contando com competição, estratégia e tática, regras definidas e seja envolvente.

No outro lado, temos o mundo corporativo com os profissionais que compõem a estrutura empresarial e deles é exigido que sejam qualificados através da formação, atualização, reciclagem (treino), sejam criativos (craques), equilibrados para segurar a pressão do mercado, prazos, concorrência acirrada (corpo e mente auxiliam nessa homeostase), e sejam assertivos – quer dizer, tenham noção de suas qualidades – e combatentes (garra). Enfim, competitivos dentro das regras do mercado.

Um fato que levantei em minha tese de mestrado é que em todas as definições de esporte, a palavra competição estava presente; na “definição” do mundo corporativo ela também figura com bastante intensidade. Isso torna claro que os dois mundos têm muito em comum.

Mas a competição, não sendo bem trabalhada, pode ser maléfica. Estabelecer uma percepção positiva é fundamental e portanto, dentro de um treinamento para melhoria das pessoas, podemos inserir elementos de um mundo em outro.

Tenho trabalhado mais efetivamente com o mundo corporativo em ações de eventos, principalmente convenções, lançamentos de produtos, workshops e treinamentos utilizando a ferramenta do lazer e de jogos para aflorar, transformar e, porque não, modificar comportamentos individuais e grupais.

Dentre as ferramentes utilizadas, destaco:

Outdoor training:

Como a própria tradução dos termos demonstra, é levar as pessoas a um ambiente externo e expô-las à dinâmicas comportamentais. Dentro disso temos o TEAL, Treinamento Experiencial O ao Ar Livre, onde baseia-se em colocar as pessoas em situações de desafios em ambientes abertos. Levando em consideração que este ambiente auxilia a saída da zona de conforto e assim possibilita reações diversas;

Simulações:

Criar uma situação idealizada, mas que naquele momento é real e deve ser vivida, explorada e resolvida. Ex: As pessoas “tornam-se” donos de uma empresa e deve gerenciá-la em um certo tempo e com metas a seres atingidas;

Temática :

o elemento fantasioso e diferente também tira as pessoas da zona de conforto e encanta, trazendo cenários realistas numa atmosfera temática. Ex: participantes de um rally ou uma regata de barco;

Entretreinamento®:

A somatória do entretenimento e treinamento onde nos jogos o resultado da ação lúdica pode descrever situações cotidianas explicitas de maneira amena.

Em todas elas, auxiliamos as pessoas na percepção e posterior reflexão de atitudes, pois ao realizar alguma atividade as percepções são mais latentes. Não é a toa que Confúcio observa: “Vejo e recordo, leio e memorizo, FAÇO e aprendo”. Nosso objetivo é perceber, alinhar, realinhar, modificar, excluir certas atitudes que são tão parecidas entre jogos & situações do dia a dia.

Para explorar isso utilizamos jogos de tabuleiros (trilha, resta1, jogos milenares, RPG, …), brincadeiras infantis (amarelinha, máscaras, pipa, …) e jogos esportivos (futebol, vôlei, tênis, canoagem, rafting, corrida de aventura, etc.) – todos adaptados à realidade corporativa.

Isso tudo vem reforçar que o jogo explicita uma série de manifestações, pois parafraseando Galileu: “Não podemos ensinar a um homem, a não ser descobrir suas próprias potencialidades”, nossas ações são apenas instrumentos.

O interessante é que, com a comparação do mundo esportivo e corporativo, percebi que equipe de vendas e equipe esportiva tem grandes similaridades e fiz um trabalho num time de vôlei com essas dinâmicas. O resultado foi bem interessante e espero retornar este trabalho em breve, pesquisar mais e aplicar estes conceitos aprimorando a performance comportamental. Sem negar que o importante é competir, mas fundamental é cooperar consigo e com os companheiros da equipe.

Isto mostra que estamos engatinhando, mas a ferramenta do Jogo é muito rica na exploração de comportamentos. Temos que agora continuar o trabalho e mensurar o que é estimulado revertendo efetivamente para uma mudança benéfica no comportamento individual e social das pessoas. Uma fato comprovado cientificamente [é que adultos expostos a explanação aprendem em torno de 25% do conteúdo. Quando a esta explanação é acoplado o elemento visual, aumenta para 35% e quando o ouvinte torna-se participante–agente retém 75% (action learning). Somando-se a isso o fato que jogar é muito agradável, esta fórmula tende a ser um sucesso.

Vamos ao Sucesso!!!

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