Infelizmente, só fiquei sabendo sobre o Seminário da Noite Paulistana (uma organização do coletivo CoLaboratórioa e da Prefeitura de São Paulo) depois de ele já ter sido realizado. O evento fomentou uma discussão sobre negócios e polí­ticas urbanas focados na infraestrutura necessária para a realização de noitadas e, no decorrer, foram abordados temas como mobilidade, ocupação do espaço público, agenda cultural, discriminação e talento criativo.

Vida noturna pra que te quero

Tive acesso a uma entrevista de Mirik Milan (um empresário com mais de 20 anos de experiência em festas, conhecido como o “prefeito da noite de Amsterdã”)a e gostaria de destacar alguns pontos interessantes de sua fala:

  • “Uma vida noturna vibrante é fundamental para o crescimento de qualquer lugar”;
  • “Precisamos de mais cursos sobre produção de eventos noturnos, porque a partir deles estamos criando a consciência de sua importã¢ncia na Holanda”;
  • “Ser empático e empreendedor é imprescindí­vel para trabalhar na noite”;
  • “Uma cidade e suas regras não são feitas para baladas, mas, como prefeito, faço essa interface entre poder público e privado na noite”;
  • “Locais degradados merecem ser revitalizados, contanto que os artistas, coletivos, escolas de arte, grafiteiros, músicos e ateliês responsáveis pela mudança respeitem sua história. O poder público também deve fazê-lo, encarregando-se da limpeza e da segurança, isto é, zelando por ele”.a 

Pensando nessas questões, cheguei í  conclusão de que nossa São Paulo funciona 24 horas, mas não se comporta efetivamente como uma cidade de “vida” noturna: na mesma medida em que o centro é “cult”, ele também é abandonado, sujo e perigoso, motivo pelo qual nem todos se aventuram por essas bandas.

Como o setor de entretenimento pode ajudar a fazer uma cidade mais humana?

Prédios abandonados podem ser repensados como espaços de arte, de workshops, de festas ou de exposições; podem ser transformados em lojas, usados para fazer a publicidade de marcas ou o poder público pode se apropriar deles para promover atividades culturais de fácil acesso para a população em geral.

O cronourbanismo, conforme defendido pelos organizadores do Seminário, busca a confluência entre as dimensões espacial e temporal da cidade. Sua proposta é valorizar a metrópole não só pelas riquezas que ela gera, mas aproveitar sua efervescência e as várias opções técnicas, sociais, estéticas e criativas das quais ela dispõe para criar espaços públicos mais humanos.

“O metabolismo urbano funciona continuamente. O que é esse funcionamento e como o poder público pode e deveria atuar de modo a manter esse corpo vivo? Como gerar um funcionamento de acordo com a potência presente? Que polí­ticas podem ser estabelecidas para conjugar lazer, descanso, segurança, emprego, oportunidades e a pujança econí´mica para a outra metade do dia dos 10 milhões de paulistanos que transitam e trabalham na cidade?”a – essas são algumas das perguntas que remetem í  “necessidade de pensar os espaços para além dos mapas“, buscando “qualidade de vida, proximidade, simpatia e democracia participativa” nas cidades (leia mais sobre cronourbanismo aqui).

Nesse sentido, a releví¢ncia doa setor de entretenimentoa se dá pelo fato de ele ajudar a valorizar a vida noturna e, por consequência, a própria cidade como um todo.

Se você ainda acha que “í  noite, todos os gatos são pardos”, vale a pena ver esse ví­deo:

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