Quem trabalha com eventos culturais sabe que montar uma exposição é uma tarefa bem mais difí­cil do que afixar uma série de quadros na parede e servir champagne para os convidados da vernissage. Esse trabalho, que geralmente é realizado em parceria com um curador, requer um olhar arguto sobre as delimitações estéticas e conceituais do espaçoa que abrigará a mostra e depende, ainda, de um cronograma de ações que vai de questões como administração do orçamento e estratégia de divulgação na mí­dia até desenho da museografia, design da sinalização, tipo de iluminação e construção de vizinhanças. Pensando nisso, elenquei algumas regras básicas que podem ajudá-los na hora da montagem. E aí­ vão elas…

  1. Tenha um curador de confiança
    Quanto mais o curador souber a respeito da trajetória do artista, mais ferramentas e insights ele será capaz de oferecer para você. Esse repertório pode ser a diferença entre uma exposição hermética e uma exposição mais interativa, onde o espectador compreende a temática com maisa gosto e facilidade.
  2. Não se esqueça da ficha técnica
    Aquele papelzinho que fica ao lado do quadro, com créditos e informações básicas sobre a obra, não serve só para dar nome aos bois (uma questão com a qual o artista deve se preocupar, principalmente se for uma exposição coletiva), como também fornece informações que podem ser caras ao visitante da exposição. O mais importante é destacar o nome do artista, a data (pode ser só o ano, mas quanto mais completo, melhor) de realização da obra, a técnica empregada para realizá-la, o tamanho em centã­metros e a origem da obra (vem de uma coleção particular ou aní´nima? Ou pertence ao acervo de alguma entidade? Neste caso, de qual?). Como exemplo, segue a ficha técnica da obra que serve como imagem de destaque neste artigo:As Margaridas de Mário (1922), de Anita Malfatti
    í“leo s/tela
    51,5 x 53 cm
    Coleção de Artes Visuais do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP)
  3. Catálogo
    O catálogo pode ser muito mais do que um punhado de informações sobre obra e autor. Elea pode servir de guia impresso, conter informações extras, curiosidades e até um pouco do making off do evento. Além disso, os locais que oferecem serviço de visita guiada com monitores podem dispor do catálogo como um meio de gerar maior envolvimento do público com o conteúdo daa exposição. Hoje,a os áudio guias (um aparelho de fone bastante comum há alguns anos, que traz um conteúdo descritivo da exposição) têm sido substituí­dos pela tecnologia de QR Code e por aplicativos cujo acesso se dá na própria exposição – outra ótima alternativa para incrementar a alfabetização visual dos visitantes.
  4. Sem segurança, não dá
    O segurança não está lá só para impedir atos de vandalismo e roubos: ele também presta informações a respeito do circuito da mostra e impede que fotografias com flash sejam clicadas por visitantes desavisados.a Trata-se dea uma tarefa entediante, mas de supra importã¢ncia para a eficácia de uma exposição. Lembre-se da identificação e de fazer um rodí­zio dos profissionais contratados para evitar que eles se distraiam com o passar do tempo ;)
  5. Sinalização
    Coloque cartazes com indicações a respeito do que o público pode ou não fazer para evitar problemas, afinal, éa melhor prevenir do que remediar. Esses cartazes devem dizer, da forma mais clara possí­vel, se o visitante pode ou não tocar na obra, qual é a distã¢ncia recomendada para se posicionar diante dela e se o conteúdo da exposição é de classificação livre ou indicado para uma determinada faixa etária.
  6. Texto de apresentação
    O texto que abre a mostra, geralmente escrito pelo curador, é muito importante porque ele indica a concepção da mostra e traz informações relevantes para a pessoa que entra no espaço expositivo. Esse texto, além de ajudar o espectador a interpretar melhor as peças artã­sticas, também deve trazer os nomes dos profissionais envolvidos (entre eles, os patrocinadores) na montagem da exposição.

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Eu espero que essas dicas sejam úteis para quem trabalha nesse setor – uma área extremamente detalhista e demorada, mas – sem dúvida – apaixonante. ;)

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