Há cerca de oito anos, convidei Andrea Nakane para o desafio de ministrar a disciplina de segurança aplicada a eventos.
O tempo passou, o conteúdo foi construí­do, a importã¢ncia do tema ficou cada vez maior e, então, ela organizou esse conhecimento todo em um belo livro (Segurança em Eventos), que será lançado próxima semana. Creio que a publicação seja uma contribuição impagável para a profissionalização do nosso mercado.
Hoje, Andrea resolveu dividir com a gente um pouco de sua experiência sobre o tema e resumiu pontos importantes aqui.
Parabéns, Andrea!

Em uma percepção pouco apurada, focada em um conceito aparente, é comum que a segurança em eventos seja tratada meramente como a contratação de “homens de preto”* . O conceito de segurança em eventos inclui preliminarmente a vital questão da preservação da integridade fí­sica dos participantes e de todos os membros da equipe organizadora. Porém, em sinergia com as premissas básicas da hospitalidade e tendo em um evento campo fértil para sua aplicação, a segurança em eventos deve abordar também questões relacionadas ao emocional e moral. Tendo então sua abordagem orientada pelo sentido de bem-estar, buscando total entrosamento e satisfação de todos os envolvidos na atividade.

Razão pela qual a segurança em eventos deve ser conduzida de maneira que permita que todo o planejamento imaginado seja concretizado inteiramente, sem contratempos ou possibilidades que permitam o desvioa das metas traçadas. Vidas de pessoas, danos materiais e a própria imagem dos principais stakeholders** do evento dependem da execução de um evento, demandando competências e habilidades especí­ficas que, otimizadas com vigor e seriedade, levem a excelentes resultados.

No planejamento de segurança em eventos, são inúmeras as variáveis de riscos que devem ser contempladas, minimizando assim acidentes que podem gerar graves repercussões negativas.a As variáveis de segurança para a realização de um evento incluem:

• Espaço fí­sico – destino e local da realização do evento;
• Perfil do público-alvo;
• Dimensão do público-alvo;
• Alimentação;
• Bebidas alcoólicas;
• Entorpecentes;
• Terrorismo/ violência;
• Público interno – colaboradores diretos e indiretos;
• Condições climáticas;
• Trajes;
• Situações especiais (roubos e furtos, arrecadação de taxas de diretos autorais musicais, lei do silêncio, serviços de valet, doenças, shows pirotécnicos e efeitos especiais, geradores, sonorização, brindes, menores em eventos, transportes e desordem pública).

Algumas variáveis são notadamente compreendidas por sua ligação imediata com questões de insegurança. Outras, em um primeiro momento, podem até soar como excessivas ou até esquisitas. Mas todas as variáveis acima citadas podem trabalhar de forma contrária aos objetivos de um evento caso sejam desprezadas, proporcionando situações de desconforto, mal-estar ou insatisfação.

Para um cenário muito mais assertivo, tranquilo e seguro, todas as variáveis devem ser analisadas e alvos de ações estratégicas, minimizando as chances de tornarem-se potenciais problemas crí­ticos e sem a mí­nima condição de gestão.

Essas medidasa canalizam a ocorrência de acidentes -a quando situações ocorrem de forma avassaladora e desgovernada, pois não foram contabilizadas ou sequer lembradas para serem incluí­das no plano de segurança.

Por tudo isso, não dá para ficar sem segurança em eventos. Essa deve ser a bandeira que todos os OPCs devem levantar com muita responsabilidade e empenho.

* Termo popularmente utilizado para conceituar os profissionais da área de segurança privada que geralmente vestem trajes preto.
** Parte integrante, que tenha interesse em um determinado projeto e/ou instituição. Origem inglesa take: interesse, participação, risco / Holder: aquele que possui.

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